Promessas vazias: Adolescente relata fome e condições precárias em alojamento de futebol em Jaboticabal

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Jovens sonhavam com carreira no futebol, mas enfrentaram abandono e fome; Grupo tinha a promessa de que jogariam por um time de Taquaritinga (SP).

Um adolescente de 17 anos, que se mudou para Jaboticabal (SP) com a esperança de se tornar jogador de futebol profissional, denunciou que ele e outros jovens viviam em condições deploráveis em um alojamento. Segundo o relato, a comida era racionada e, em diversas ocasiões, alguns chegaram a ficar sem se alimentar devido à insuficiência de mantimentos.

Jovens foram atraídos a Jaboticabal, SP, para jogar futebol profissionalmente — Foto: Reprodução/EPTV

As famílias dos adolescentes, que residem em diferentes estados brasileiros, pagavam R$ 500 por mês ao empresário responsável pelo alojamento. Este valor deveria cobrir moradia e alimentação, conforme o contrato oferecido. No entanto, as condições relatadas pelos jovens são alarmantes. O agenciador, cuja identidade não foi revelada, prestou depoimento e foi liberado, mas responderá por abandono de incapaz. A polícia está investigando o caso.

Na terça-feira (21), após uma denúncia anônima, a Secretaria de Assistência Social de Jaboticabal descobriu que 20 jovens viviam em condições precárias e sem alimentação adequada. Dezesseis dos jovens são menores de idade e os outros quatro têm mais de 18 anos. Todos haviam se mudado para Jaboticabal dois meses atrás, com a promessa de que treinariam e estudariam, e eventualmente jogariam por um time de Taquaritinga (SP).

Os jovens estavam divididos em dois apartamentos, cada um abrigando dez pessoas. Os locais estavam imundos e sem higiene adequada. Conforme relatos dos adolescentes, os únicos alimentos disponíveis eram macarrão, salsicha, ovo e pão. Um dos apartamentos estava sem energia elétrica.

Geladeira de alojamento onde jovens viviam em Jaboticabal, SP, estava vazia e imóvel estava sujo — Foto: Arquivo pessoal

Um vídeo obtido pela EPTV, afiliada da TV Globo, mostra as condições em que viviam os jovens, com uma geladeira praticamente vazia contendo apenas ovos. Nas imagens, é possível notar a precariedade do alojamento.

Um dos adolescentes comentou sobre a decepção com a situação: “Estava pagando R$ 500 por mês. [No contrato] eles mostraram imagens de onde não era, só o campo que mostraram que foi o real, fato. Mas alojamento, não mostraram nada pra gente. O dinheiro [vinha] dos nossos pais. Eles mandam R$ 500 pra cá todo mês e eles [os agenciadores] vão fazendo compras e tudo mais”.

Outro jovem, lamentando ter caído no golpe, agora espera retornar para sua casa no Rio de Janeiro: “Prometeram uma casa melhor, alimentação boa, uma estrutura muito boa pra a gente disputar os campeonatos. Prometeram diversas coisas pra gente e não cumpriram nenhuma”.

Os jovens, oriundos do Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, chegaram ao agenciador através de um anúncio nas redes sociais que oferecia a oportunidade de se tornarem jogadores profissionais. Durante três semanas, os adolescentes participaram de treinamentos, mas relataram que, no mês seguinte, os treinos se tornaram cada vez mais esporádicos até cessarem completamente. Além da falta de treino, a comida também começou a faltar.

Após a denúncia anônima, os jovens foram encaminhados pela Prefeitura de Jaboticabal para hotéis da cidade. Desde a última quarta-feira (22), eles começaram a retornar para suas cidades de origem.

Este caso ressalta a importância de verificações rigorosas e transparência em programas de treinamento e agenciamento esportivo, para evitar que sonhos se transformem em pesadelos.

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